quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Cidade Nua



Andado pelas ruas da Cidade Crua, Cidade Nua sempre fria apesar do calor escura (carregado) sombria (ameaçador) mais ao mesmo tempo atraente eu não me abalo to em casa sigo em frente, Já fui menino , já chorei de fome, não sou nenhum ladrão, tenho sonhos faço planos, Eu não tive pai, não tive mãe, só tenho frio, só tenho o medo, só tenho fome, não sinto tristeza, nem alegria só sinto o vazio na cidade nua
Gosto da lua das estrelas que é meu consolo durante a noite e sonhar com futebol que é meu passatempo durante o dia
Às vezes trabalho ali no farol, não sou bom malabarista, mas às vezes consigo alguma coisa para comprar balas e chiclete para vender. E ás vezes tenho sorte acho no lixo uma revista , um chaveiro, cadeado, uma latinha colorida, uma caneta, uma tesoura e com sorte já achei até uma vassoura,
O que eu fiz!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!.... hora vendi por mixaria
Para que !!!!!!!!!!!!!!!!!........ hora para comprar cola, sabe um dos meus sonhos foi ir para escola, mas só me ensinaram onde arranjar cola.
Sabe hoje sou um homem comum tenho medo da velhice tenho medo da dor, tenho medo da morte,
Mas ainda há um desafio a saída da rua o que eu posso dizer!!!!!!!!!!!..... sonho ou realidade
Este é o drama de João Bosco , de se ver vagando pelas ruas de uma cidade grande, cidade uma cidade fria, um cidade nua, é o mesmo de outros personagens do mesmo cenário, apenas os enredos são diferentes.
Para eles, conviver com este desconforto e a indiferença é o de menos. O difícil é driblar ( enganar ) a solidão e a saudade, que a cidade abarrotada de gente não consegue preencher.
Dos becos e viadutos, surge o conteúdo a vida e a miséria juntas é um absurdo
Seja no descampado da praça ou abrigados feito bicho sob um viaduto, eles são uma estatística que causa desconforto tocam na ferida da cidade, de qualquer cidade, é um cartão-postal às avessas (contrario) , que ninguém quer, eles próprios não querem, mas na maioria das vezes não há escapatória, dividir o pão duro com o vira-lata não tem a menor graça vivendo no limite a espera do fim, nossa indiferença não muda a vida dura daquele mano, daqueles homens que cata papelão na rua, pra ter o que comer e sobreviver com dignidade, mesmo vivendo as margens da sociedade que preconceituosamente discriminam aqueles que nada tem que só quer um dia poder viver como eu e você também, um teto um endereço me diz qual é o preço..????
Essa é minha cidade minha realidade, SP São Paulo não fujo da verdade.

Marina Oliveira Santos Araújo(Educadora Social SAEC)
História de PJC - Cemitério da Consolação

Sociedade Amiga Esportiva Jardim Copacabana (SAEC) E O Projeto Atenção Urbana

Rose Ferreira Costta
Educadora Social SAEC


Conforme previsto no Sistema Único de Assistência Social - Norma Básica de Assistência Social, compete à Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) a vigilância socioassistencial que consiste no desenvolvimento da capacidade e de meios de gestão para conhecer a presença das formas de vulnerabilidade social da população e do território sob sua responsabilidade.

Este serviço se justifica pelo expressivo número de pessoas que se encontram expostas aos riscos e violência das ruas da cidade. No ano de 2000 foi realizada a primeiro Censo de Pessoas em situação de rua na cidade de São Paulo e no ano de 2003 foi realizada nova contagem que constatou a presença de 4300 pessoas vivendo nas ruas.Estima - se o aumento de 35% dessa população, ou seja, a existência de aproximadamente 5800 pessoas nesta situação, o que demandam ações do poder publico diretamente nas ruas, atendendo, encaminhando e acolhendo estas pessoas que por diversos motivos,estão morando nas ruas da cidade.Público alvo1) Adultos que ficam na rua em situação de desemprego e não tem condições de pagar pensão diariamente, ainda não se identificam com moradores de rua, mas utilizam os serviços públicos com freqüência2) Adultos que estão na rua utilizando-a como local de pernoite, estabelecem vínculos com outras pessoas na mesma situação e esporadicamente fazem bico; 3) Adultos que utilizam a rua como moradia, faz uso de álcool, drogas estando exposto a todo tipo de violência; 4) Família em situação de rua que faz da rua seu espaço de moradia, desenvolvendo atividades como esmolar e pequenos bicos para arrecadação de dinheiro; 5) Família na rua, que utiliza espaço público para ganhar dinheiro através de pequenos bicos ou esmolando, mas retorna a sua casa diariamente. Objetivo: Realizar ações pró – ativas sistemáticas e planejadas em regiões onde se verifique a concentração e permanência de pessoas adultas em situação de rua com estratégias e ações específicas, proporcionando aproximação, atendimento, acolhida e encaminhamentos necessários para estimular o desejo de deixar as ruas como espaço de sobrevivência e moradia, priorizando o convívio familiar e comunitário Objetivos específicos
Monitorar e manter vigilância social nos pontos com presença e concentração de pessoas em situação de rua, por meio de abordagens diárias, sistemáticas e planejadas;
Realizar um diagnóstico detalhado das situações de inserção na rua através de instrumental estabelecido por SMADS;
Desenvolver ações pró-ativas planejadas nas ruas, para estreitar o vínculo de confiança e estimular o desejo de saída da rua;
Garantir a inserção da pessoa em situação de rua na rede de proteção social priorizando a convivência familiar e comunitária
A metodologia de trabalho Deve contemplar os eixos da educação social de rua e a processualidade do trabalho, priorizando os aspectos da história de vida, história familiar e a história institucional,assim sendo, a Atenção Urbana consiste numa relação dinâmica, contínua e dialógica, partindo do pressuposto de que um projeto pedagógico precisa ser norteado por uma concepção de educação social que propicie a participação do sujeito na construção de um projeto de vida ético,político e coletivo. Neste sentido, estes indivíduos devem ser sujeitos ativos na construção de seu projeto de vida, o que garante a apropriação de seu processo histórico, fundamental para o êxito da ação. A finalização desta etapa se dará a partir do desenvolvimentode um plano de ação que propicie a saída das ruas, com vistas a inclusão na família, comunidade e ou rede de serviços. Um dos eixos mais importante do Projeto Atenção Urbana, é o estabelecimento de diálogo com a comunidade local(comerciantes, ambulantes e moradores dos bairros) sobre estes cidadãos sujeitos de direitos, e na compreensão da importância da sociedade na construção de saídas de ruas para espaços protegidos como a família e a comunidade de origem. Pois a inclusão e o caminho de volta, com dignidade e condições de permanência, tem na sua comunidade de origem a melhor referência para o resgate da auto-estima e de reconstrução dos projetos de vida.




Sociedade Amiga Esportiva Jardim Copacabana



As atividades do Projeto Atenção Urbana que são desenvolvidas na região central foram selecionadas por meio de Edital Público,e são participantes: Centro Integrado de Estudos e Programas de DesenvolvimentoSustentável (Cieds), Fundação Orsa,OrganizaçãoSocial Sociedade Amiga e Esportiva do Jardim Copacabana (SAEC) e a Organização Social Apoio.
Cada organização citada atua em um determinado distrito. A Organização Social Sociedade Amiga e Esportiva do Jardim Copacabana (SAEC) atua no distrito de Santa Cecília que abrange os bairros de Campos Elísios, Santa Cecília, Várzeada Barra Funda (triângulo formado entre as vias férreas da CPTM e as avenidas Abraão Ribeiro e Rudge, e parte da Vila Buarque onde estálocalizado o Largo de Santa Cecília e a estação do metrô Santa Cecília. Em seus domínios encontra-se a maior parte do Elevado Presidente Costa e Silva (vulgo Minhocão), as praças Marechal Deodoro, Princesa Isabel e Júlio Prestes e o Largo Coração de Jesus. Cada núcleo do Projeto Atenção Urbana conta com uma equipe multiprofissional composta por Gerente de Projeto, Técnicos de Nível Superior,Orientadores Socioeducativos, Agente Operacional e Auxiliares Administrativos. A equipe de educadores sociais da SAEC é composta por uma equipe multidisciplinar (psicólogos, assistentes sociais, sociólogos) com grande experiência na abordagem de pessoas em situação de rua. A Sociedade Amiga e Esportiva do Jardim Copacabana (SAEC) foi fundada em 20 de julho de 1982. A entidade nasceu para ser uma ferramenta de luta dos trabalhadores e moradores do bairro e do entorno. Esta entidade apoiou e acompanhou muitas lutas por melhores condições de vida e dignidade de seus moradores, dentre elas estão as lutas por creche,asfalto, esgoto, água, luz escolas, postos de saúde, moradia etc. Muitas destas lutas foram e continuarão sendo vitoriosas a exemplo do movimento de moradia que além de contribuir para tirarem famílias em situação de risco das favelas,contribuíram para que centenas de famílias pudessem sair do aluguel. Na região do Jardim Ângela,conquistamos 240 lotes urbanizados onde foram realizada alto-construção pelos contemplados. No Parque Europa I e II foram conquistados mais de 1200 apartamentos, sendo a primeira fase por sistema de empreiteira e a segunda fase por sistema de mutirão. Atualmente realizamos atendimento a mais de 3000 crianças e adolescentes, 800 jovens, adultos e idosos na aula de informática,280 alunos da alfabetização de jovens e adultos, 50 idosos e 30 mulheres no grupo de mulheres.


FontesFoto - http://www.panoramio.com/photo/6435580
Edital n.º 003/2006/SMADS

terça-feira, 10 de novembro de 2009

POBRE, IDOSO E NA RUA: UMA TRAJETÓRIA DE EXCLUSÃO


Segundo estudo realizado pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (com 621, albergues há tendência ao envelhecimento da população albergada: em 2000, 12,7% das pessoas tinham 55 anos ou mais, em 2003, 19,9%, e, na atual pesquisa, de 2006, a população idosa representa 23,1% . Enquanto em 2000 a idade média dos adultos albergados era de 41,2 anos, hoje essa média é de 44,7 anos. O envelhecimento da população geral brasileira, assim como do mundo, já mereceu muitos. tipos de análises e justificativas para seu processo.
Porém, como citado anteriormente, pela pequena quantidade de estudos nessa área há dificuldade em explicar o fenômeno na população de rua. Não se sabe nem porquê o morador de rua envelheceu e nem o que acontece com ele depois disso. O aumento do número de idosos na rua foi alvo de pesquisa em São Francisco, nos Estados Unidos, na qual foi analisada a tendência ao envelhecimento da população de rua local. A média de idade dos moradores de rua da região aumentou de 37 para 46 anos ao longo de um período de 14 anos, entre 1990-2004. Fato semelhante foi encontrado em outras cinco cidades americanas
Na cidade de São Paulo, esse fenômeno do envelhecimento na rua se repete, levando a pensar que o aumento da média de idade dos moradores de rua tem se cronificado nas sociedades capitalistas, de maneira geral. Os antigos adultos moradores de rua envelheceram e se encontram em condição estática. O adulto agora é idoso, e suas chances de re-inserção social diminuem gradativamente. O que acontece com a população de rua depois que envelhece também é algo pouco conhecido. Apesar do abrigo - lócus da pesquisa - ser para pessoas de 60 anos ou mais, não se encontra nenhum idoso acima de 70 anos. Não há a explicação para esse fato, porém, hipóteses podem ser levantadas. O indivíduo deve estar hígido a fim de poder sobreviver na rua. A maioria é andarilha, em busca de comida, acolhimento e proteção. Uma vez perdida a capacidade física de se locomover pela cidade, às estratégias de sobrevivência são prejudicadas. Daí o questionamento, aqui: eles morrem ou são acolhidos por alguma entidade, alguma instituição de longa permanência, por exemplo?
Quanto à procedência, a SMADS detectou que pequena parte dos albergados é proveniente da própria capital e a maioria provém das Regiões Nordeste e Sudeste. No abrigo estudado, constata-se que nove idosos são da Região Nordeste e dez da Sudeste, e que apenas dois nasceram em São Paulo. Dezesseis idosos moram nessa cidade há mais de 20 anos, o que leva a pensar que deveriam ter estabelecido vínculos afetivos ou algum tipo de rede social de suporte na cidade. Porém, o suporte social que se identifica foi apenas institucional: o abrigo. Nas trajetórias de vida dos moradores de rua há a ruptura de laços familiares, abandono de papéis carregados de responsabilidade e de afetividade. Isso reflete na efemeridade dos vínculos afetivos que estabelecem na rua. Ao mesmo tempo em que há a ruptura familiar, a dependência institucional se torna evidente. Essa dependência, caracterizada pelo uso de equipamentos de assistência, pode favorecer a fixação dessa população nas ruas. A existência desses projetos é de suma importância para a sobrevivência dos moradores de rua, no entanto, ela pode interferir negativamente no processo de re-inserção social, contribuindo para a falta de estímulos para a busca por sua autonomia. Com isso, ao invés de prepará-lo e instrumentalizá-lo para o resgate de sua cidadania, impede-o de desenvolver sua autonomia necessária para o rompimento de laços de dependência e, conseqüentemente, a saída das ruas.
Sendo a família o agente primário de socialização, e servindo como rede de apoio em momentos de crise do indivíduo, a falta dela pode levar a sérias conseqüências. A assistência familiar é inexistente na maioria da população de rua. Assim, a ruptura dos vínculos familiares acrescida da ruptura dos laços trabalhistas é considerada o “ponto zero” no processo de rualização, principalmente no caso da sociedade brasileira, em que a unidade familiar é o suporte para as relações sociais da classe trabalhadora pobre, a sua ausência pode ser um fator determinante nesse processo. Pode-se observar esse fato quando se identificou que doze dos entrevistados têm parentes na cidade de São Paulo, porém, apenas três mantêm contato freqüente. Onze têm parentes fora da cidade e apenas um mantém contato. Concomitantemente a esse dado, cinco dos entrevistados afirmaram que o desajuste familiar foi o motivo que os levou para rua. Além disso, apesar da falta de apoio familiar não ser considerada como fator limitante da ida para as ruas dos demais entrevistados, ela esteve presente em diversas outras narrativas.
Dois conjuntos de fatores interagem quando se pensa os motivos pelos quais as pessoas se tornam moradores de rua. Primeiro, há as tendências amplas, estruturais no nível macro e, segundo, há fatores biográficos ou no nível individual. No caso da população estudada, o fator de nível individual foi identificado como a falta de apoio familiar, já mencionada.
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